Um livro escrito por Ivonei Peraça e ilustrado por Wagner Passos
Lavoisier disse "Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Mas aí o Chacrinha veio e deu uma abrasileirada: "Nada se cria, tudo se copia". Quando desenhamos algo representamos o que vemos com o nosso traço. No caso da ilustração usar imagens de referência é uma necessidade, podemos desenhar ao vivo, ou sacar fotos para desenhar depois, ou acionar o Google Imagens. O Google ajuda, mas os algoritmos atuais diminuem muito a diversidade de imagens.
Uma das minhas principais dificuldades foi achar um barco de pesca com características dos barcos de Rio Grande. Casualmente no sábado que antecedia a Semana Santa fui com o pai comprar peixe no Mercado Público e na volta, atracado próximo a hidroviária de São José do Norte, avistei o barco "Esperança", casualmente o nome que pensava em dar ao barco do personagem do livro, um dos motivos que me motivou a abandonar as ilustrações que já havia feito para recomeçar a ilustrar o livro novamente (isso contarei nas próximas postagens).
Embora o desenhista crie ao longo da vida um portfólio imagético muito diverso, pois ao desenhar registramos mentalmente de forma diferente do normal, fixamos com muitos detalhes uma imagem, o que nos permite resgatar a mesma de memória posteriormente. Mesmo assim é necessário um estudo de referências visuais, exatamente para nos aproximarmos das referências que o leitor já possui, ou mesmo para representar com informações gráficas reais o que estamos desenhando. Assim, lembrando das diversas vezes que fiquei contemplando a Vila da Barra de São José do Norte trabalhando como estivador no porto. E assim, era necessário buscar essa imagem icônica de nossa região.
Da mesma forma os diversos trapiches que existem na Vila da Barra de Rio Grande, do outro lado do canal da Laguna dos Patos. No livro há uma imagem aérea que gostei muito de desenhar, quase um mapa, que mostra a Praia do Cassino, os molhes de Rio Grande e São José do Norte e a Praia do Mar Grosso.
Mas falando no pescador, vários foram os personagens que inspiraram o mesmo, principalmente no olhar. Há nele referências ao meu próprio pai, Ivonei Peraça; algumas referências de mim também; de um pescador que foi muito conhecido no Clube Honório Bicalho nos anos de 1980, Tio Henrique, o qual vi passar horas em uma grande batalha ao pescar uma Miraguaia. Há inspiração em Ernest Hemingway, autor do livro "O Velho e o Mar". Mas também há referência em um grande escritor, Roberto Rossi Jung, que entre Porto Alegre e a Barra do Chuí, com sua querida companheira Carmelina Castro, se tornaram grandes amigos e inspiração artística e para a vida (Um grande abraço em ambos!).
Aí está, mais um capítulo da produção de nosso livro, lançado na 49ª Feira do Livro da FURG e disponível nas livrarias Vanguarda (Rio Grande e Pelotas), Albuquerque (Praça Shopping), Hippocampus (Cassino) e nos sites da M a ga zi ne Luiza e Editora Yaguarú.
Um grande abraço para todos!
Wagner Passos